A IA tem impactado cada vez mais nosso modo de lidar com o trabalho. Imagine que você está sentado no avião, pronto para trabalhar mais algumas horas no notebook, quando alguém do lado te pergunta: “Por que você não aproveita esses 40 minutos pra você? Eles não vão mudar nada na sua vida.”
Essa pergunta simples, feita por um executivo que trouxe o Google e o Facebook para o Brasil para Michelle Schneider, pode mudar completamente sua perspectiva sobre o futuro do trabalho. E olha, não estamos falando de um futuro distante – estamos falando dos próximos 10 a 20 anos.
A IA É Como Um Rio: Você Precisa Aprender a Navegar
Imagine um povoado indígena que vivem à beira de um rio. Este rio é um meio de transporte e também fonte de alimento para todas as pessoas que vivem ao redor dele mas também é um potencial risco de afogamentos, de ataque de crocodilos. O que realmente importa é que eles sabem exatamente quando entrar na água, onde pescar e como se proteger dos crocodilos. Como disse Miguel Fernandes, um especialista no assunto: “Nós vivemos à beira de um rio de bits e bytes, na frente de muitas telas, na frente dos computadores. A inteligência artificial é esse novo rio.”
Primeiramente, a diferença é que, ao contrário dos povos da floresta, nós ainda não aprendemos a “navegar” nesse rio digital. E aqui está o ponto: você pode ter medo e ficar na margem, ou pode aprender a usar essa tecnologia a seu favor.
Por Que Nem Tudo Deve Ser Eficiente
Um professor do MIT fez um experimento simples, mas revelador. Dividiu a turma em dois grupos: um resolveu exercícios com auxílio do ChatGPT, outro sem. Embora os dois grupos tenham conseguido resolver o desafio, o grupo com ferramenta foi muito mais rápido. Parecia óbvio quem tinha “ganhado”.
Mas uma semana depois, quando o professor perguntou sobre o exercício, os alunos que usaram o robô sequer se lembravam do tema do exercício. Já quem resolveu “na marra” lembrava de cada detalhe, de cada erro, de cada descoberta.
“A máquina está a serviço da eficiência, mas nem tudo na nossa vida é pra ser eficiente. O processo de aprendizado é uma ineficiência do nosso cérebro.” (Miguel Fernandes)
É como aprender a andar de bicicleta. Você pode usar rodinhas para sempre, mas nunca vai realmente aprender o equilíbrio.
47% dos Empregos Vão Sumir (E Isso Inclui Você)
Aqui vem a parte que todo mundo prefere ignorar: segundo um estudo da Universidade de Oxford, aproximadamente 47% dos empregos tendem a desaparecer nos próximos 20 anos. E não estamos falando só de motoristas ou operadores de telemarketing.
Médicos, advogados, professores – todos estão na lista. Já existe um site chamado WebMD que recebe mais visitas do que todos os médicos dos Estados Unidos juntos. O eBay resolve mais de 60 milhões de disputas comerciais por ano usando robôs, não advogados.
E sabe o que é mais impressionante? “Sessenta e cinco por cento das crianças que estão no ensino médio hoje vão trabalhar em um emprego que ainda não existe.”
É como se estivéssemos preparando as pessoas para um jogo cujas regras ainda não foram escritas.
A Grande Diferença Entre Revolução Industrial e Era da IA
Nas revoluções anteriores, quando as máquinas substituíram os humanos, isso aconteceu nos trabalhos mais simples. O pessoal saiu da roça e foi para a fábrica. Depois saiu da fábrica e foi para o setor de serviços.
Sempre deu um jeito, né?
Mas agora é diferente. Como uma palestrante colocou: “Eu não vejo como um motorista de caminhão desempregado aos 50 anos, que perdeu seu emprego pra veículos autônomos, nem como um caixa de supermercado que não teve oportunidade de estudo, vai se reinventar diante desses empregos do futuro.”
Os novos empregos vão exigir alta qualificação. E isso pode criar uma desigualdade jamais vista antes.
O Que Realmente Importa: Skills Técnicos ou Comportamentais?
Aqui vem a virada de chave. Visitando as universidades mais inovadoras do Vale do Silício, uma coisa chamou atenção: “As habilidades do futuro não serão as habilidades técnicas, e sim as habilidades comportamentais.”
O World Economic Forum confirmou isso. Das 10 habilidades mais importantes para o profissional do futuro, todas – sem exceção – são comportamentais.
Em outras palavras: para ser bem-sucedido, esse profissional do futuro vai ter de saber como pensar, e não mais o que pensar.
Grande parte das escolas hoje nos ensina o que pensar. “Decore essa fórmula”, “memorize essa data”, “repita essa definição”. Mas as respostas já estão todas na internet. O que importa agora é desenvolver o pensamento crítico.
Inteligência vs. Consciência: A Diferença Que Te Salva
Então, aqui está o segredo que pode mudar sua vida: “As pessoas confundem inteligência e consciência. Inteligência é a capacidade de resolver problemas, e consciência é a capacidade de sentir.”
Dizem que em 2029, os computadores serão tão inteligentes quanto nós. Em 2045, um único computador será mais inteligente que toda a humanidade junta.
Mas sabe o que eles não vão ter? A capacidade de sentir. De contemplar um pôr do sol. De sentir amor por uma criança.
“É a primeira vez que uma tecnologia me dá tempo de exercer a minha humanidade.”(Miguel Fernandes)
O Que Não Está No Seu Perfil do LinkedIn?
Essa pergunta, feita por aquele executivo do Google no avião, revela tudo.
Como resultado, podemos concluir que: “O profissional do futuro nada mais é do que um ser humano do futuro.”
E Michelle Schneider completou com uma reflexão poderosa: “Eu levei anos pra perceber que eu era uma perfeita ninguém. Que eu respondia a demanda da sociedade, as demandas do meu trabalho, as demandas da minha família, menos as minhas.”
Como Se Preparar Para Esse Futuro da IA (5 Passos Práticos)🚀
1. Seja um “Longlife Learner” Aquela história de estudar até os 20 e poucos e depois só fazer uma pós de vez em quando acabou. Você vai ter que aprender para sempre. Como disse o futurista Alvin Tofler: “O analfabeto do século XXI não será aquele que não sabe ler e escrever, mas sim, aquele que não souber aprender a desaprender e a reaprender.”
2. Desenvolva o Pensamento Crítico Se você pedir para uma máquina fazer um paralelo entre as leis de Newton e o mundo corporativo, ela pode inventar leis de Newton. E cabe a você ver o erro e direcionar a ferramenta para o êxito.
3. Use Para Tarefas Chatas, Não Para Pensar Configure robôs para fazer resumos, análises de dados, tarefas repetitivas. Mas use seu tempo livre para desenvolver sua humanidade, suas relações, sua criatividade.
4. Foque em Habilidades Comportamentais Criatividade, empatia, liderança, resolução de problemas complexos, inteligência emocional. Essas são as habilidades que os robôs não conseguem replicar.
5. Conheça a Si Mesmo “Se a gente não aprender e não entender que a felicidade não está em ter e sim em ser, a gente vai continuar criando mais e mais robôs humanos.”
O Futuro Já Começou
A transformação não vai acontecer daqui a 200 anos. Ela já começou. E você tem duas escolhas: pode ser levado pela correnteza ou aprender a navegar no rio.
Então, quando você estiver no avião por que você não aproveita esses próximos minutos para refletir sobre quem você realmente é, além do seu cargo e das suas responsabilidades?
Afinal, no futuro, ser autenticamente humano pode ser seu maior diferencial competitivo.
E você, o que não está no seu perfil do LinkedIn?
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Veja a Palestra completa de Miguel Fernandes | TEDxSaoPaulo
